Assuntos musicais


 


Esta página é destinada à postagem de assuntos musicais discutidos durante os ensaios.









30/03/2011__________________________


O assunto de hoje é a voz humana nas suas diversas manifestações. Percebemos que as vozes são únicas e existem alguns fatores que influenciam no resultado sonoro. Em primeiro lugar, o fator étinico faz com que cada voz tenha sua particular sonoridade. Povos que possuem diferentes caixas cranianas, diferentes formatos de nariz/narina, diferentes tamanhos de caixas toráxicas possuem também diferentes sonoridades.
O idioma também influencia a produção sonora, podendo alguns povos terem uma sonoridade mais gutural (como os germânicos), outros tendendo a sonoridades mais nazais (orientais) e ainda sonoridades com ressonâncias mais expandidas (latinos).
É claro que todas essas variantes também são influenciadas pela cultura de cada povo, assim como sua tradição.

Tendo isto como ponto de partida, analisamos os timbres vocais que foram estabelecidos pela música ocidental.
Falamos das vozes trabalhadas que recebem papéis específicos nas óperas, por exemplo.

Soprano, Mezzo-soprano e contralto - para papéis femininos
Tenor, barítono e baixo - para papéis masculinos.

Essas vozes são as mais conhecidas, do ponto de vista solístico e coral, uma vez que são classificações já conhecidas pela maioria das pessoas que têm uma familiaridade com o universo vocal.

Mas existem algumas vozes que são raras, ou que podemos classificar de acordo com a tradição da música européia até do século XVIII. São as vozes agudas que nesse período eram cantadas por vozes masculinas. Os grupos corais eram compostos por vozes masculinas - vozes adultas e infantis. No caso, os meninos que ainda não passaram pela puberdade, e com isso mantinham a voz aguda (sem a mudança vocal) cantavam como soprano e contralto.

 
 


Dessa forma, eles completavam a formação SATB:




Entre os meninos cantores, no entanto, poderia haver uma voz que se destacava como solista. Para preservar esta voz, que chamavam de 'voz de anjo' era realizada uma prática comum - a castração, isto é, uma cirurgia nos testículos que impedia a ação dos hormônios masculinos, resultando entre outras coisas, no impedimento do desenvolvimento da laringe do menino - resultando em uma voz infantil em um corpo de homem. Para esses homens com laringe infantil era dado o nome de castrato, no plural, castrati. Esta pratica ocorreu até o final do século XIX. O último castrato que se tem notícia foi Alessandro Moreschi (1858-1922). Ele foi o único solista que sofreu o processo de castração e que teve sua voz registrada em audio:




Existem outras categorias de vozes masculinas agudas utilizadas até os dias de hoje. O contratenor, uma voz masculina aguda inspirou muitos compositores do século XVIII.

 


Atualmente um nome se destaca no meio dos contratenores: Philippe Jaroussky.

 


Encontramos também, o sopranista (ou falsetista). Uma categoria de voz masculina aguda, que difere do castrato por ser uma voz trabalhada na região do falsete.

 


Grupos vocais masculinos também são muito comuns principalmente na Europa, onde existe uma tradição que se manteve desde o século XVII. Um desses grupos é o King Singers, que existe há 40 anos e que mantém a formação de SCTB - com vozes masculinas.

 


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23/03/2011

Muito bem.
Agora, vamos falar um pouco sobre os instrumentos de corda. Conhecemos os modernos: o violino, a viola, o violoncelo e o contrabaixo. Mas é importante lembrar que antes desses instrumentos tornarem-se parte importante de uma orquestra, existiram outros.

O primeiro instrumento de corda do qual se tem conhecimento é o Arco musical cuja origem é situada entre 35 e 15 mil anos a.C. Os instrumentos de corda tensionada mais antigos registrados são nove liras e três harpas encontradas numa tumba em Ur na Mesopotâmia datando de 2.600 a.C. Pinturas em paredes e efígies em cerâmica, madeira ou metal indicam a presença de tais instrumentos em época próxima no Egito Antigo e em ilhas do Mar Egeu. As representações dão a enteder que as liras tinham funções musicais de caráter religioso ou poético, enquanto que as harpas visavam o entertenimento e o erotismo. Os instrumentos que deram origem aos modernos violino, violão, guitarra, violoncelo se origiram do alaúde, utilizado inicialmente por pastores, que surgiu em época posterior.
Os instrumentos de cordas são importantes na história da música ocidental pois foi com um instrumento constituído de uma única corda, o monocórdio, que os filósofos e matemáticos da escola pitagórica descobriram todos os princípios matemáticos que regem os intervalos, escalas e a harmonia, dando origem ao estudo da teoria musical há mais de dois mil anos.


A viola da gamba, ou violone, é qualquer um dos instrumentos de corda com traste desenvolvido no século XV, e usado principalmente na Renascença e no Barroco. A família se relaciona e descende da vihuela, um instrumento de cordas pinçadas, semelhante ao violão. Alguma influência no seu desenvolvimento, nem que seja apenas na maneira de tocar, se deve ao rabab mourisco.

Os Vihuelistas começaram a tocar com o arco seu instrumento plano na segunda metade do século XV. Em duas ou três décadas este evoluiu para um instrumento de cordas totalmente novo, tocado com o arco que retinha muito das características originais da vihuela, de cordas pinçadas: uma parte traseira plana, cintura com concavidade acentuada, trastes, laterais finas e uma entonação idêntica – tanto que em castelhano é chamada de vihuela de arco.

Devido a seu tamanho, comparativamente grande, este novo instrumento era segurado em pé, encostado no colo ou entre as pernas, semelhante à postura para tocar o violoncelo. Este costume originou o nome em italiano do instrumento viola da gamba, significando "viola de perna", o que também ajudou a diferenciá-lo de outro instrumento visualmente semelhante somente mais antigo e distantemente aparentado, da família do violino, que os italianos chamavam de viola da braccio (significando, literalmente, "viola de braço")


Em termos de popularidade, a viola da gamba só perde para o alaúde, embora alguns possam questionar esta classificação, e, como o alaúde, era tocada por pessoas comuns, que atuavam como músicos amadores. Casas de pessoas importantes costumavam ter o que era chamado de cesto de violas da gamba, que podia conter um ou mais instrumentos de cada tamanho. Os conjuntos de viola da gamba, chamados consorts eram comuns nos séculos XVI e XVII, quando eram interpretadas canções em grupo ou verse anthem, um tipo de canção coral diferente dos motetos (chamados também de full anthen), e obras instrumentais. Apenas as gamba soprano, tenor e baixo eram integrantes regulares do conjunto (consort) de violas da gamba que, por sua vez, podia se compor de três a seis instrumentos. Esses conjuntos e a música composta para eles eram muito populares na Inglaterra, no período elizabetano, com compositores como William Byrd, John Dowland e durante o reinado do Rei Charles I, por compositores como John Jenkins e William Lawes. As últimas músicas compostas para conjuntos de violas da gamba foram provavelmente as escritas no início dos anos 1680 por Henry Purcell.

A viola da gamba baixo continuou a ser usada no século XVIII como um instrumento solista e para complementar o cravo no baixo contínuo. Foi o instrumento favorito de Luís XIV e ficou associado à corte e à França (como o violino à Itália). Compositores como Marin Marais, Johann Sebastian Bach, Antoine Forqueray, e Karl Friedrich Abel escreveram músicas complexas para virtuoses do instrumento. Entretanto, as violas da gamba foram caindo no desuso à medida que as salas de concerto ficaram maiores e a tonalidade mais alta e mais penetrante dos instrumentos da família do violino se tornou mais popular. Nos últimos cem anos, mais ou menos, a viola da gamba e seu repertório foram revividos pelos entusiastas de música barroca e de música renascentista, um de seus primeiros entusiastas tendo sido Arnold Dolmetsch.

Hoje, a viola da gamba atrai cada vez mais o interesse do público, especialmente dos músicos amadores. Isso talvez aconteça devido ao aumento da disponibilidade de instrumentos a preços razoáveis construídos por fabricantes que utilizam técnicas mais automatizadas de produção, bem como devido à maior facilidadede acesso a partituras com músicas para o instrumento. Além disso, a viola da gamba é tida como o instrumento ideal para alunos adultos; Percy Scholes escreveu que o repertório da viola da gamba "pertence a uma era em que a musicalidade era mais importante do que o virtuosismo".

Existem, atualmente, muitas associações para pessoas com interesse na viola da gamba. A primeira (na Europa) foi a The Viola da Gamba Society, criada no Reino Unido em 1948 mas com sócios de todo o mundo. Desde então sociedades semelhantes foram criadas em vários outros países.

Um museu de instrumentos musicais históricos, foi criado pelo prof. José Vázquez da Universidade de Viena, com o objetivo de ser um centro de reavivamento desses instrumentos. Mais de 100 instrumentos, incluindo 50 violas da gamba em perfeitas condições, são de propriedade deste novo conceito de museu: en:Orpheon - Museum of Historical Instruments. Todos os instrumentos deste museu podem ser vistos em exposições temporárias e são tocados pelos membros da Orquestra Barroca Orpheon, do Orpheon consort ou por por músicos que os recebem como empréstimo permanente. São copiados por fabricantes de violino, contribuindo para a difusão do conhecimento geral da viola da gamba que se possui hoje, suas formas e as diferentes técnicas utilizadas na sua fabricação.

O filme de 1991 Tous les matins du monde de Alain Corneau, baseado na vida de Monsieur de Sainte-Colombe e Marin Marais, revelou para novas audiências a música desses compositores para viola da gamba. A trilha sonora do filme inclui interpretações de Jordi Savall, talvez o gambista atual mais conhecido.



A família das violas:



Pardessus de viole




Viola da gamba soprano



Viola da gamba tenor

 
 
Viola da gamba baixo




Violone


Consulte também:
http://vdgsa.org/pgs/video.html




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03/03/2011



Assunto do dia: cravos, espinetas, instrumentos de teclado em geral.


Percorrendo um pouco a história da música, encontramos tais instrumentos divididos em três categorias básicas: instrumentos de teclado com cordas pinçadas, marteladas e com tubos e vento. Cada um desses instrumentos foi criado e desenvolvido de acordo com um período específico da história da música, caracterizando seu repertório.

Os instrumentos de teclado com sistema de tubos e vento, têm como seu representante o órgão, que é considerado o mais antigo dos intrumentos de teclado. Sua invenção é atribuída ao engenheiro grego Ctesíbio, que viveu durante o século III a.C. Documentos escritos, não muito depois de sua época, descrevem-lhe o invento como "uma das maravilhas do mundo" e dão a entender que o órgão por ele construído estava possivelmente baseado na idéia de utilizar mecanicamente a provisão de ar que era levado para um imenso jogo de tubos. Estava, pois, o ar armazenado em um 'someiro' e já havia inclusive um teclado que controlava a sua saída para os tubos.
O instrumento de Ctesíbio ficou conhecido como hidraulos (palavra construída com os vocábulos gregos que significam água e tubo), pois era a água que mantinha a pressão constante do ar no someiro. Durante o século IV d.C., o princípio hidráulico começou a ser substituído pelo pneumático (do grego, 'vento'), no qual o fornecimento de ar se fazia por meio de foles - sistema utilizado até os dias atuais.


Já os instrumentos de teclado com cordas pinçadas possuem um mecanismo que produz o som beliscando as cordas - ao acionar uma tecla, a mesma levanta uma pequena régua chamada saltarelo, que possui uma pequena palheta (chamada unha), que belisca a corda. Quando este saltarelo desce, a unha é recolhida por um sistema mecânico e um pequeno feltro abafa o som da corda. Isto ocorre em todas as teclas do instrumento. Temos como representantes dessa família de teclas o virginal,  a espineta e o cravo. O que difere cada um deles é o repertório destinado, a construção e as possibilidades timbrísticas de cada um.

O virginal (em inglês, virginals) possui um único jogo de cordas e uma corda para cada nota. A peça "A Hornepype" de Hugh Aston (c.1485-1558) é uma das três mais antigas peças que se sabe terem sido escritas especialmente para virginal. Seu manuscrito data aproximadamente de 1530.



 

 



A espineta também possui somente um jogo de cordas e uma corda para cada nota. Foi denominada assim na Inglaterra do século XVII.
Este instrumento tornou-se popular na Inglaterra, sobretudo no período qua vai do final do século XVII até as últimas décadas do século XVIII. Henry Purcell (1659-1695) foi um dos compositores significativos para espineta.




 



Já o cravo foi desenvolvido durante o século XV (a primeira menção deste instrumento data de 1397). Os primeiros cravos possuiam apenas um manual (teclado). Já as versões deste instrumento construídas depois do século XVII podem contar com um ou dois manuais, apresentando também dois, três ou mesmo quatro jogos de cordas completos soando simultaneamente, isto é, cada tecla do instrumento pode beliscar de uma a quatro cordas simultaneamente, proporcionando um grande leque de possibilidades sonoras e timbrísticas.




 










Dando sequência, os instrumentos de cordas percutidas começaram a aparecer no início do século XVIII.
Embora não sejam conhecidos os dados do clavicórdio no seu passado mais remoto, ele já existia no princípio do século XV. O clavicórdio é o que tem a ação ou mecanismo produtor de som mais simples. Fixada na extremidade de cada tecla, se acha uma pequena lâmina de bronze, na vertical, chamada tangente. Quando a tecla é acionada, a sua extremidade oposta se levanta, tal como uma gangorra, fanzando a tangente percutir o par de cordas, logo acima. A tangente, até que seja solta, permanece exercendo pressão sobre as cordas.





 





Em 1713, Couperin, compositor e cravista francês escreveu: "O cravo tem uma perfeita extensão e, por si só, é um intrumento brilhante, mas já que é impossível fazer crescer ou diminuir a sua sonoridade, ficarei para sempre grato a quem, com infinita arte e bom gosto, contribua para tornar este instrumento capaz de expressão..."

Curioso é que 15 anos antes de Couperin escrever estas palavras, sem que ele nada soubesse, um novo instrumento de teclado e cordas já havia sido inventado. Um instrumento que combinava brilho e potência do cravo com as qualidades expressivas do clavicórdio e que, no devido tempo, acrescido de algumas melhorias, iria tornar-se no mais popular de todos instrumentos: o piano (forma abreviada de pianoforte).
Este, desde 1697, havia sido inventado por Bartolomeo de Cristófori (1655-1731), encarregado da conservação de instrumentos na corte da família Médici, em Florença, na Itália. Por volta de 1700 Cristófori construiu o clavicembalo com piano e forte ("cravo com piano e forte"). Este novo instrumento possuia recursos expressivos, que partiam desde um piano a um forte em nuances até então não conhecidas em instrumentos de teclado. Além disso, era possível executar o contraste entre um legato e stacatto. Além disso, o insttumentista poderia executar uma expressiva melodiaao estilo cantabili ("cantado"). O primeiro compositor, pelo que se sabe, a ter escrito peças especificamente para piano foi o italiano Ludovico Giustini (1685-1743).








 

Para um início de pesquisa mais elaborada, este link oferece insformações básicas sobre instrumentos de teclas:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Instrumento_de_teclas








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23/02/2011




Iniciamos hoje falando um pouco sobre a história da Ópera.
É claro que para meia hora de bate-papo, conseguimos somente dar uma breve idéia de como surgiu este gênero musical tão apreciado.

Tudo começou com a influência dos artistas mambembes da Itália do séc. XVI, em especial com a Comédia dell'Arte (veja em http://pt.wikipedia.org/wiki/Commedia_dell'arte ).

Um dos nomes significativos dos primórdios da Ópera, foi Claudio Monteverdi (http://pt.wikipedia.org/wiki/Claudio_Monteverdi), autor de "Orfeu".

No Brasil, temos algumas suposições sobre essa paixão pela ópera, principalmente a Ópera do século XIX.

Uma das hipóteses é que quando em 1808 D. João VI trouxe toda uma comitiva para o Brasil, muitos artistas também vieram para cá. E a nobreza aqui presente apreciava boa música - e a ópera veio nesse movimento. Companhias de ópera vieram para o Brasil, patrocinadas por uma burguesia que era emergente na época.

No livro '1808', Laurentino Gomes retrata as razões da vinda da família real para o Brasil, assim como o que esse movimento causou para uma sociedade que até então era somente colônia de Portugal.
Veja o link para saber mais sobre esse livro: http://veja.abril.com.br/livros_mais_vendidos/trechos/1808.shtml

Outra hipótese é que, quando os imigrantes italianos conseguiram se estabelecer no período da Imigração (final do século XIX e início do século XX), foi possível através dos imigrantes com mais posses trazer companhias de Ópera para o Brasil. Além disso, a tradição e o gosto pelo canto napolitano sempre estiveram presentes nas casas de famílias tradicionais italianas.

Para algumas referências adicionais sobre Ópera, consulte:


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O nosso baixo Celso realizou uma pesquisa sobre a Vila Maria Zélia e trouxe alguns links que mostram trechos de filmes que foram rodados nesta histórica vila de São Paulo:

- 1966 - filme "O Corinthiano", com Mazzaroppi.

- 1990 - novela "Meu bem, meu mal"

- 2010 - "Menina Fantástica" - fotos do casarão na Vila Maria Zélia

- outros sites consultados:

Vale à pena conferir.







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16/02/2011

Hoje falamos sobre vários assuntos relacionados à música. Tudo começou quando houve um comentário sobre o curso de feng shui que acontece na faculdade.

Um dos assuntos abordados foi sobre a música como objeto de estudos nas áreas da astrologia, música como referência na arquitetura, música presente nas outras artes...
Um livro citado é do prof. Roger Cotte, "Música e Simbolismo: Ressonâncias Cósmicas dos Instrumentos e das Obras" - que estuda as relações da música ocidental com os mais diferentes símbolos. Além disso, o livro também examina o simbolismo dos instrumentos musicais, a partir dos seus timbres ou utilizações.
O assunto logo depois foi direcionado às influências que TODA música possui. Influências culturais que são presentes na música popular brasileira, por exemplo. Falamos sobre a influência da cultura européia, indígena e principalmente da influência dos escravos, gerando músicas com 'temperos' muito particulares. São músicas de sonoridade européia com sabor e gingado da cultura afro.
Outro exemplo é a música popular brasileira, em especial a canção. Sofremos influência muito grande da música européia do início do século XIX, quando D. João VI e sua comitiva para cá vieram. O ano de 1808 foi um marco no desenvolvimento cultural no Brasil, com a vinda de artistas, em especial excelentes músicos, que proporcionaram um enriquecimento sonoro para a prática musical da época. Entre polcas, valsas e maxixes, encontramos a modinha, gênero musical cantado que, segundo alguns estudiosos, é considerada como um dos marcos iniciais da música popular brasileira. Um desses pesquisadores é José Ramos Tinhorão,  que escreveu sobre o assunto em vários de seus estudos e livros.
Falamos da fusão que existiu entre a música dos salões e a música das ruas, principalmente no Rio de Janeiro do século XIX. Um exemplo é o gênero musical lundu, originalmente uma dança dos escravos, que recebeu tratamento europeizado e foi parar nos salões da alta sociedade carioca do final do século XIX. Não esquecer que Domingos Caldas Barbosa (compositor e cantor de modinhas da época) foi para Portugal e levou esse gênero musical, que recebeu um tratamento erudito que virou também uma canção de concertos e recitais.
A Quadrilha da festa junina foi lembrada, pois ela é de origem francesa e muito festejada até os dias atuais.

Pra terminar - e talvez seja o tema de nossa próxima conversa às 18h da quarta-feira - foram citados alguns compositores de Ópera:

- Gioachino Rossini (1792-1868)
- Giacomo Puccini (1858-1924)
- Giuseppe Verdi (1813-1901), que compôs entre muitas óperas La traviatta, Rigoletto e Nabuco, que tem uma famosa canção: Va pensiero


"... Nabucco, uma das primeiras óperas de Verdi, (3ª) estreou em 1842 no La Scala de Milão. A história fala sobre judeus escravizados na Babilónia e era particularmente significativo para o povo italiano. Naquela época, a Itália não era a nação soberana que é hoje, era dividida em cidades-estados que eram controladas por forças estrangeiras. Os austríacos controlavam o norte da Itália, os Bourbons governavam em Nápoles e o Papa detinha o poder em Roma e nos Estados Papais. O sentimento patriótico era grande e o movimento Risorgimento adotou Verdi como defensor (risorgimento significa, literalmente, ressurgimento, renascimento). No famoso coro "Va, pensiero", os escravos hebreus refletem com pesar sobre sua amada terra natal; era a expressão perfeita de nacionalismo e ainda é tocado em ocasiões nacionais até hoje..." (Retirado do site da Metropolitan Opera Information Center)
 




 
Coro do Metropolitan Opera House de Nova Iorque (2002)














Reflexões em torno de elementos básicos da Regência Coral
Carlos Alberto Pinto Fonseca

ESTILO

Cabe, a fidelidade ao estilo, exclusivamente à formação cultural do regente. Para os regentes que começam, recomendaria uma preocupação especial com este aspecto tão fundamental para uma recriação autêntica: o estilo.
O estilo tem características de época, gênero ou forma musical, autor. Deveríamos pesquisar inclusive, com que finalidade uma peça era composta em sua época, em que locais era apresentada e em que ocasiões, se por um grupo pequeno ou grande de cantores, se era acompanhada de instrumentos, se era dançada ou representada. (Por ex. na Renascença italiana, os “baletti” eram cantados, tocados e dançados, enquanto as peças do “Festino” de Banchieri eram cantadas e representadas). Sabendo o local, tentar fazer uma idéia de acústica onde tal peça era apresentada. Importante também é conhecer os elementos formais ou estruturais que caracterizam cada período, pois aí vemos que estilo não é algo exterior ou uma maneira de interpretar, mas muito mais que isso, é inerente à própria música
NOTA: Alguns exemplos: O contraponto linear, resultante da superposição de melodias independentes, feitas na base de graus conjuntos com poucos saltos, empregando os chamados “modos litúrgicos”, são algumas características básicas das peças da Renascença, além de que nesse período, mesmo a música instrumental é escrava da escritura vocal. Já no Barroco, existe a tonalidade, porém a largos traços, dentro da chamada “forma aberta”: a cadência só aparece no fim de um trecho ou no fim da peça, tudo ainda é baseado em contraponto, especialmente na música coral. Só que no último barroco, característico da primeira metade do séc. XVIII (Bach-Haendel), a escritura vocal já imita a linguagem instrumental do século precedente, daí sua maior complexidade técnica (ligada à tessitura, âmbito, respiração, vocalizes, demandando pois uma técnica vocal que a Renascença não pedia...) Exemplo de um elemento estrutural que caracteriza bem um estilo: cadência com a dissonância resolvendo por salto de terça ascendente - característico do período de transição para a Renascença (inícios do Séc. XV - escola do inglês Dunstable e da Escola de Borgonha: Dufay e Binchois, principalmente). Voltando mais atrás, entre outras caraterísticas estruturais (como as séries rítmicas) o Séc. XIV apresenta, com Machaut e Landino, as sensíveis duplas, resolvendo paralelamente.
(Nota: Quando um elemento estrutural se torna reconhecível e se repete, torna-se também FORMAL, gerando a forma. também estilístico quando se caracteriza época, gênero ou compositor).
Muito cuidado com ARRANJOS. Ao fazê-los, ou ao escolher um para seu coro: pode acontecer (e acontece muito) que o pecado contra o estilo já esteja no próprio arranjo. E... caros colegas, muito cuidado com os “efeitos gratuitos”. É preciso muito cuidado para que os “efeitos corais” não sejam GRATUITOS, não sejam elementos falseadores de estilo, sem nexo com a peça, tanto em relação ao texto quanto à estrutura. Um ‘efeito gratuito” pode mesmo quebrar a estrutura de uma peça ou destruir o sentido do texto estético/literário que o coro está cantando. Exemplo de “vítima” constante de “efeitos gratuitos” são os “negro spirituals”. É certo que os coros norte-americanos, principalmente os coros negros, têm uma gama de cores, acentuações dinâmicas e agógicas, que significam, em alguns casos, uma rica palheta de efeitos corais. Mas é tudo dentro de uma espontaneidade viva, “está no sangue”, como está o samba e a ginga de uma batucada para uma sambista da Portela ou da Mangueira. Os efeitos acentuam o sentido do texto, o sabor das síncopes, o “swing” do estilo jazzístico. preciso ouvir, se impossível ao vivo, ao menos, as gravações dos bons conjuntos americanos. Porque, digamos, francamente, tem gente fazendo “efeitos” que “não estão com nada”: cortes bruscos, acentos exagerados, muitas vezes piorados pelo famigerado “ataque por baixo”... (atacar por baixo é, “em última análise”, atacar numa afinação mais baixa, atingindo a nota certa por uma “escorregada”, i.e., “glissando” ou “portando”, ascendente, vício que muitos cantores desavisados fazem até sem perceber...) . O ataque por baixo é companheiro de outro vício igualmente péssimo, que é o “PORTAMENTO GRATUITO” que é fazer “glissando” em cada intervalo descendente. (No “ataque por baixo” a escorregada é “de baixo para cima” e, no “portamento”, “de cima para baixo”). Afinal, são vícios insuportáveis, que surgem em corais onde não há um mínimo de cuidado com a qualidade do trabalho. Tanto no caso do “spirituals” como no da Renascença ou qualquer outro estilo, ouvir boas gravações ajuda e muito. não ns sentido de copiar, mas para se aprender. Meus amigos: - (e agora falo principalmente para os jovens colegas que se iniciam na regência) todos nós nos apaixonamos, dirigindo vozes, pela “mágica do som”, por essa facilidade em tirar efeitos das vozes, por essa possibilidade fantástica que o coro, uma vez “em nossas mãos”, oferece em matéria de matizamento, plasticidade sonora, efeitos, enfim. Mas cuidado. é preciso nos questionarmos sempre para não falsearmos a mensagem autêntica, o estilo , a época, o autor. Para acharmos a verdade da música, a seriedade, o estudo e a simplicidade são essenciais.
Atenção pois, com o “efeitismo”, tentação que pode nos levar para uma falsa trilha, mesmo porque o grande público pode ser seduzido pelo seu brilho fácil (falso) e incentivará esse ‘efeitismo” na medida em que o regente for hábil, musical, e o coro reproduzir seus gestos em surpresas sonoras que causem admiração e aplausos. Só que então, “ESTAREMOS NOS SERVINDO DA MÚSICA, MAS NÃO A ELA...”








Hoje o assunto no ensaio do Coral Vozes da Cantareira foi a origem dos instrumentos musicais. Alguns links pra quem quiser começar uma pesquisa:

http://www.csvp.com.br/banda/instrumentos.asp
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_m%C3%BAsica
http://en.wikipedia.org/wiki/Prehistoric_music


São links que são referência em Internet. Nada substitui uma pesquisa com uma boa bibliografia.